Já cansei de ouvir pessoas me julgando por eu falar quem são meus ídolos. Um cara é da favela. O outro dizem que faz uma tal de apologia. Tem um que gosta de falar de amor, das coisas do coração e usa calças mais apertadas do que as minhas. E, por fim, o que se assumia maloqueiro, morreu de overdose.
Esse cara da favela não tem frescura em suas letras. Elas podem ser um tanto quanto pesada, sanguinárias, duras e tristes, porém são estas letras que retratam com fidelidade a realidade brasileira. São elas que vão mostrar que nem sempre o candidato mais simpático é o que está fazendo por quem precisa, são elas que alertam que há algo de errado com o mundo, que tem gente criando leis e gente tendo que aderir a estas leis para poder estar protegido. Realmente, são letras fortes e desnecessárias para quem nunca sofreu na vida, mas para muitos a letra não é nem um décimo da dor que sentem no dia-a-dia. Ah, só para constar, nunca passei necessidade em minha vida, mas para abrir os olhos não precisa entender, basta querer.
O cara que faz apologia já é uma outra história. Ele realmente não sente medo de falar sobre drogas, de beber e de fumar em seu show, mas assim como tudo isso é as claras, sua música e seu público também são. São pessoas honestas umas com as outras, pessoas que, diferente do que muitos pensam, amam a vida e o que ela tem a oferecer, são gratos a tudo isso e principalmente admiram. E admiração real, vai num show desse cara, você verá que não é uma apresentação DELE, mas todos os artistas que o rodeiam tem o seu espaço. E, além disso, obras de outros artistas são reconhecidas e lembradas.
O terceiro, aaah o terceiro... Ele realmente fala de amor, de dor, de carinho, de saudade e das inquietudes da vida. Mas me fala, errado é ele por encontrar uma forma de externar sentimentos, ou é essa tal moda de não dizer nunca o que sente e ficar a ponto de explodir?
Sobre o quarto, ele é o que mais me faz rir. Não dele, mas das pessoas. Sempre escuto: “você é fã de um drogado, suicida”, ai eu olho por três segundos e descubro que estas pessoas são as mesmas que criam pedestais para pessoas como Cazuza e Elvis. Nada contra os dois, muito pelo contrário, muita coisa a favor, mas me explica: qual a diferença? Já fiz alguns testes também, e mostrei algumas letras desse cara para as pessoas, e sabe quantas falaram mal? Nenhuma. Sim, ele tinha mil defeitos, assim como eu e você, assim como o mundo todo, ele pode ter sido fraco por diversos motivos, mas o cara sabia fazer música, o cara era humilde com seu público e sempre foi ele.
Não importa quem seja, escolha alguém que diga o que você precisa, escolha alguém em que você possa se inspirar, que possa fazer o seu dia feliz e que você possa admirar. Ele não será perfeito, mas nele existe algo que você posso se inspirar, e tornar-se uma pessoa melhor. Escolha mais de uma pessoa e se inspire um pouco em cada uma, mas não desperdice a chance de admirar um outro alguém.
Bem dito, Projota. Jovens realmente precisam de ídolos e eu escolhi quatro. Sabe no que mais você estava certo? Na saudade – que mal cabe – do Chorão.