Hoje é comum, em qualquer roda de conversa, ouvir as pessoas bradando sobre não se apegarem, sobre seus relacionamentos durarem no máximo um mês, sobre não terem paciência, e não quererem; tudo isso com aquele sorrisinho de superioridade à pessoa que está sofrendo do mal de amor.
Vem todo aquele papo chato, tipo de que não gosta de carinho e, particularmente, esse é o pior. Todo mundo gosta de carinho, todo mundo gosta de afeto, todo mundo gosta de atenção, mas cada um do seu jeito. Tem gente que precisa sair por ai trocando as selfies individuais pela do casal, colando legenda fofa nas fotos, dar beijos enormes em público e segurar tão forte a mão do outro, que fica parecendo mais uma mãe com medo de perder o filho na 25 de março. Mas tem gente que precisa de outra forma de carinho.
Tem gente que quer só um encontro rápido no final do dia pra ter certeza que o outro não perdeu nenhum braço, tem gente que quer um link que levará até um música que nunca vai saber exatamente porque recebeu, ou que o outro se lembre do seu gosto por café com pouco açúcar. Essa gente não se importa em dar poeticamente as mãos, como na foto, ou se todo amor está aparecendo no feed de notícias.
Se envolver com alguém não quer dizer que será com aquela pessoa que você vai casar, que terá filhos e terminará os dias em uma cadeira de balanço, olhando o Sol se pôr. Não é porque vocês estão juntos hoje, que estarão amanhã. Se envolver é aproveitar tudo de bom que aquele momento pode te dar, afinal relacionamentos são tramas; com começo, meio e fim. Não precisa ter medo.
Todos esses berros desesperados de auto-suficiência, que tanta gente anda dando, na realidade, são incansáveis tentativas de se convencer que não precisa feliz em par, justamente porque essa chatice afasta todos. Tudo isso é medo de não resistir a ser piegas nas redes sociais, medo de ir ao cinema acompanhado, de sentir saudade, de sentir vontade, de não ser correspondido, de tomar um chifre, de quebrar a cara.
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver e não se envolve. Na vida somos todos jogadores de poker. Uns mentem, outros espantam pela sinceridade, alguns ficam meio aqui, meio ali e há quem não confie no seu próprio poder e coloque óculos escuros pra ninguém conseguir penetrar o seu interior. Mas só saberemos qual o nosso tipo de jogador, quando sentarmos na mesa para jogar. Se joga.
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