Ela começa uma conversa quente, faz comentários pejorativos, te deixa excitado e muda de assunto do nada, te deixando literalmente na mão. Fala que vocês deveriam sair para tomar alguma coisa e jogar conversa fora, mas no primeiro convite ela diz que a cama está gostosa demais e consegue te convencer que numa próxima oportunidade ela irá.
Ela dorme e acorda tarde, passa o dia fazendo coisas que você nem imagina, demora para te responder - até dias - e reaparece como se nada tivesse acontecido. Ela é libriana, é criativa, é desapegada, é escrachada, tem a boca suja, mas você insiste em chamá-la de "menina" e "coisa fofa".
Ela ri porque já ouviu isso diversas vezes, mas teima e diz que só você acha isso.
Ela topa qualquer conversa, semana de arte moderna, carros, mulheres, sexo, pornô, qualquer coisa, menos política. Ela responde qualquer pergunta, das mais toscas até as mais relevantes. Já te contou dos sonhos de infância, o nome de todos os cachorros que tem e já teve em casa, os planos para o futuro, as dificuldades que já passou, o nome das melhores amigas, que você até já decorou.
Ela é linda, mas não sabe disso, para ela - e o resto do mundo - ela é exótica, e tenta incansavelmente te convencer disso dizendo que aquilo é tudo maquiagem.
Você acha que a conhece, mas sabe que embaixo daqueles cachos, que ela vive enrolando com as pontas dos dedos, existe alguém difícil de decifrar. Você não sabe porque ela não dirige, porque ela tem insônia, porque ela fez jornalismo invés de moda, porque ela nunca namorou, porque ela não quer ter filhos ou porque tem medo do escuro.
Ela parece ser a mulher perfeita. É bonita, é gostosa, não tem mimimi, bebe como homem, conversa com os seus amigos, te dá presentes, ouve as mesmas músicas que você, ri das suas piadas e, o melhor, ela adora ménage a trois.
Ela já disse que te acha incrível, mas muda rapidamente de assunto quanto a conversa chega ao nível de "nós dois". Ela te dá todos os sinais de que está afim de você, ou pelo menos você acha que dá, mas mesmo assim nunca rolou nada. Beijo? Só no rosto. Isso quando ela não insiste naquele hifive seguido de um soquinho.
Você se pergunta se aquilo faz parte do jogo de sedução que ela tramou, mas você sabe que ela detesta joguinhos. Será charme? Talvez sim, talvez não. Insegurança? Não, isso também não faz parte dela. A dúvida é incessante e você tenta procurar respostas para o que já é óbvio. Meu caro, você está na friendzone.