Tatuagens atrapalham no ambiente de trabalho?

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Aqui no Solta a Voz falamos sempre sobre assuntos polêmicos e também sobre aquilo que todos gostam de opinar, sem uma visão estereotipada. Essa semana soltamos um texto sobre tatuagens e inspirações, e é incrível como esse assunto ainda é tabu em certas casas e ambientes de trabalho. Acreditem, mas muitos empregadores ainda riscam da lista aqueles candidatos que exibem rabiscos e desenhos na pele.

Mesmo sem querer somos preconceituosos quando vemos um tatuado na rua. Duvida? Quantas vezes já associou a imagem ao tipo de trabalho ou ao tipo de lugar que a pessoa frequenta? Tenho uma verdade para te falar: nem todos os tatuados trabalham na Chilli Beans e frequentam bares de rock, ok? Eles são enfermeiros, professores, advogados, garis, policiais, cozinheiros e tantas outras coisas.

Nos ambientes de trabalho ainda é muito comum os rapazes terem que usar manga longa para esconder o nome do filho no antebraço, e as mulheres vestirem calça longa para não deixar a mostra a flor de lótus que tem na canela. E você? Quantas vezes, em uma entrevista de emprego, já cobriu aquele símbolo do infinito que tem no pulso com uma pulseira bem grande, e soltou o cabelo para não exibir as estrelas que tem no pescoço? Quantas vezes decidiu mentir na resposta da pergunta "possui piercings e tatuagens?" só para não perder a chance de conseguir o emprego dos sonhos?

Queremos saber: no duelo trabalhoXtatuagem qual é a sua torcida? Pedimos para algumas soltarem a voz e o resultado você confere abaixo.

"Trabalho em um pronto socorro em que usamos roupas privativas, com manga curta, expondo de tríceps bem definidos à tatuagens coloridas, com nome dos filhos ou uma simples tribal. Lá somos consursados, então cria-se uma ideia de segurança do cargo, podendo ir da maneira que bem entender. Em relação à coordenação, nunca criou uma maneira de privar tal exposição para evitar conflitos que possam prejudicar o trabalho, porém já vi olhares atravessados dos ditos "mais velhos de casa", em que ainda associam as tatuagens à ideia de que "estragou o corpo", ou "você pode se arrepender daqui a alguns anos", ou "já pensou que ela vai ficar feia quando a pele ficar enrugada?"."
Priscila Santo, 23 anos
Enfermeira

"Faço eventos desde os 21 anos. Comecei como recepcionista em festas e com degustação em supermercados. Sempre tive tatuagens em lugares estratégicos, como nas costas, nas coxas, no ombro, no pé. Lugares que poderiam ser cobertos. Nas entrevistas sempre me perguntavam se eu tinha alguma tatuagem e eu dizia que não, até um dia que fui fazer um job em Maresias e viram que eu era muito tatuada. A partir desse dia nunca mais me chamaram para jobs de hostess nem degustações. A partir desse dia começaram a me chamar para baladas, desfiles, ações na rua, tudo numa pegada mais jovem e liberal. Me arrependo de ter escondido minhas tattoos por tanto tempo, elas me abriram as portas para novos trabalhos que eu confesso que gosto muito mais. Hoje, tenho várias tatuagens espalhadas nas pernas e nos braços e isso não atrapalha em nada minha vida profissional."
Mariana Motta, 35 anos
Freelancer em eventos

"Tatuagem, brinco, cor da pele, corte de cabelo e nem nada definem o caráter de uma pessoa ou são métricas para qualificar/desqualificar alguém. Um advogado vai defender mal o seu cliente porque tem tatuagem? Um profissional da saúde infectará seu paciente por ter tatuagem? Claro que não. Não é isso que define a nossa índole ou competência, isso só define o preconceito alheio. "
Ana Claudia Marioto, 20 anos
Redatora

"Infelizmente ainda somos julgados pela nossa aparência. Hoje, uma pessoa tatuada, por mais que seja tranquila e da paz, as pessoas vão olhar e falar "ah, aquele ali não vale nada, não presta". A minha opinião é que somos julgados, então temos que aceitar essa condição. Quem ousar colocar essa imagem no corpo, vai ter que pagar o preço. Vai ser difícil encontrar emprego. Eu gosto, acho bacana, mas não faria, pois não quero ser julgada. Trabalho com o público infantil, e sempre estamos em contato com os pais das crianças, por isso minha patroa, além de gostar muito de tatuagens, nos orienta a não fazer."
Adilene Soares, 36 anos
Pedagoga

"Sou apaixonada por todas as artes, e tatuagens são a minha paixão. Até dois dias atrás não pensei que tatuagens ainda fossem critério de avaliação numa entrevista de emprego, e sinceramente acho isso ridículo. Ter um braço tatuado não te faz maloqueiro, muito menos esse diamante que você tatuou no pescoço. As pessoas não deveriam perder a oportunidade de conseguir o emprego dos sonhos só porque tem uma carpa no braço. Mas é o que tem acontecido, e cada vez mais nós vemos essas pessoas ocupando os mesmo cargos de vendedores da C&A."
Natália Fiuza, 23 anos
Redatora

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