Num fim de semana X de um mês Y, ela apareceu na minha timeline com uma explosão de postagens, que denunciavam a sua personalidade e, para mim, soavam como um convite para entrar naquele mundinho onde sempre tocava Tim Maia e Jorge Benjor.
Sempre perdia a oportunidade de ficar calada e nunca perdia
a oportunidade de falar besteira. Não aceitava carinhos nem elogios, acreditava
que um cafuné fazia dela mais fraca, e sempre desviava dos meus beijos
fora de hora. Ficava sem graça a cada elogio meu e
tentava disfarçar contando uma piada que, na maioria das vezes, era muito ruim.
Nunca serei capaz de explicar sem contradições como era
aquela menina. Pele morena, mas nem tanto. Alta, mas nem tanto. Magra, mas nem
tanto. Bonita, mais ou menos, nem tanto.
Estranho dizer, mas ela me ganhou na estranheza, na
peculiaridade, no discurso barato sobre não se apaixonar, no jeito espontâneo
de mandar o mundo inteiro ir à merda, na coragem de dialogar sobre qualquer
assunto em qualquer lugar, no gosto musical incrível e na boca mais suja que eu
já conheci em toda a minha vida.
Difícil admitir, mas eu errei feio ao achar que já sabia
tudo sobre ela. Sua personalidade nunca foi denunciada, e aquela menina não era
nada daquilo que eu imaginava. Seu interior fazia um contraste incrível com o
exterior e eu fui só mais um que se achou capaz de decifrá-la.
É estranho dizer, mas eu ainda não apaguei o histórico das
nossas conversas, nem as fotos que ela me enviou. Seus áudios ainda estão aqui
guardados e são eles que me ajudam a lidar com a falta que ela faz.
23 dias com ela fizeram eu me encantar pela pessoa mais
improvável do universo. E perdê-la por algum motivo que ainda desconheço.
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